COMO TRANSFORMAR UMA EMPRESA “NOTÁVEL” EM “MAIS UMA DO MERCADO”
Ricardo Bozzeda, MBA, CTFL-AT, CTAL-TM, ITIL
Antes
de começar precisamos fazer algumas definições:
"Empresa Notável" é uma empresa onde todos os seus funcionários são
comprometidos e sentem orgulho de pertencer ao time, isto é, “vestem a camisa”,
seus fornecedores são realmente parceiros do negócio e os clientes são fiéis e se
sentem especiais e valiosos.
"Mais Uma
do Mercado" é só mais uma empresa do mercado,
sem diferenças.
Poderíamos terminar este artigo por aqui, dizendo que para transformar uma empresa notável em mais uma empresa do mercado é só esquecer o que ela fez para se tornar especial. Esquecer como tudo foi feito até hoje, toda dedicação e esforço realizado. Esquecer e mudar tudo.
Mas
como nem tudo é tão simples, existe todo um processo para esta transformação, e
este processo começa quando os donos de uma pequena ou média empresa sentem o
desejo de mudar. assim a primeira etapa é responder as seguintes perguntas:
1. Precisamos realmente mudar?
2. É o momento certo para mudar?
3. Estamos preparados para mudança?
4. É possível mudar e continuar sendo especial?
Inevitavelmente
e também infelizmente responderão “sim” para todas elas. Porque querem crescer,
ter mais lucros, precisam vencer a concorrência e não querem perder a
oportunidade. E também por acharem que se não der certo podem retornar à situação
anterior rapidamente e sem traumas. Grande engano.
Mas,
está decidido, é hora de mudar para crescer. Então que comece a transformação.
Primeiro
os funcionários, vamos começar trocando o gerente do RH, devemos contratar um
profissional “do mercado”, preferencialmente com experiência em uma grande
multinacional, pois sem vínculos com as pessoas ou o passado será mais fácil
realizar as mudanças necessárias. Cortamos os treinamentos, os benefícios e as regalias,
todos devem ser tratados da mesma forma, não importam os méritos de cada um no
passado. Antes tinham nomes e agora são matriculas, eram pessoas e agora são
números. Nesta fase podemos perder alguns talentos importantes, mas isso faz
parte do jogo, afinal o ser humano é mal-agradecidos mesmo.
Depois
trocamos os diretores e substituímos os gerentes, colocamos “sangue novo” na
administração. Os antigos demitimos ou colocamos em funções técnicas, não
podemos conviver com os vícios gerenciais do passado. E criamos controles.
Controle de projetos, de faturamento, dos gastos, das pessoas, dos horários, do
cafezinho, da água, das redes sociais, devemos controlar tudo. Controlar e
controlar, não podemos deixar nada escapar, tudo tem seu custo e todos devem “se
pagar”. Se não der lucro, devemos cortar.
Agora
é hora de reavaliarmos o relacionamento com os fornecedores. Não precisamos
tratar bem nossos fornecedores e não nos interessa seus problemas. Queremos
preço baixo, qualidade e entregas no prazo. Isto é obrigação. Se perdermos
alguns não fará diferença. Tem muita empresa por aí precisando vender.
E
por fim, reavaliamos o relacionamento com nossos clientes. Nem sempre ele tem
razão, deixemos bem claro isso. Não vamos mais admitir “cortesias” e nem
atendimento personalizado. Afinal somos uma empresa e não uma entidade
beneficente, e o importante são os lucros.
Bem, se conseguimos
chegar até aqui e realizar todas as etapas anteriores corretamente, mudamos, e
agora estamos preparados para concorrer com as grandes. Mas infelizmente perdemos
o que tínhamos de melhor, perdemos o que fazia a diferença, perdemos nossa agilidade
e nossa essência, agora somos apenas mais uma empresa do mercado. Igual a tantas
outras que existem por aí.
Mas será que vamos sobreviver? Para isto não existe
nenhuma garantia e só o futuro dirá.
E se querem a minha opinião pessoal, eu acho
que vale mais ser pequena e ter identidade, do que ser só mais uma grande
empresa no mercado.
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