De Volta às Aulas... Após os 60




Ricardo Bozzeda, MBA, CTFL-AT, CTAL-TM, ITIL

“Once you stop learning, you start dying." - Albert Einstein


Ao longo do tempo a expectativa de vida dos brasileiros vem aumentando progressivamente: quem nascia em 1940 vivia em média, 45,5 anos; em 1970, 57,6 anos, chegamos no início deste século com quase 75 anos e em breve a tendência é aumentar para 80-90 anos. E o que poderemos fazer com este tempo extra?

O envelhecimento é uma experiência bastante complexa, e não pode ser medido pelo simples espaço de tempo decorrido deste a data de nascimento, mas também pelas condições mentais, físicas, funcionais, de saúde e por outros aspectos subjetivos. Não temos somente a idade cronológica ou da certidão, há a idade biológica, a psicológica, a que aparentamos e a social. Já não existe mais uma linha clara delimitando a maturidade da velhice. A idade que uma vez foi dedicada ao "descanso merecido " e a jogar cartas no banco da praça, vem se tornando cada vez mais em uma época na qual se permanece ativo. E as maneiras de ser ativo podem ser muitas, por exemplo: continuar trabalhando, dedicar-se a iniciativas voluntárias, cuidar de membros da família, praticar esportes e atividades físicas, viajar, ter um hobby, aprender coisas novas ou por que não, voltar a estudar.

Não há idade para estudar, tanto pode ser aos 20, 40 ou com mais de 60 anos. Sempre é possível aprender, e uma das vantagens sobre os mais jovens é que não estudamos por "obrigação", mas por puro prazer e paixão.

Voltar aos estudos após os 60 anos é benéfico por muitas razões, não apenas para enriquecer o conhecimento e melhorar as habilidades necessárias no trabalho, mas também para estimular o intelecto, um ponto essencial para envelhecermos bem. Aprender mantém o cérebro ativo e discutir ideias e socializar é uma parte importante da experiência humana. Aprender em qualquer idade é extremamente benéfico para o cérebro. Quando aprendemos algo novo, em nosso cérebro crescem células novas e constrói novas conexões, a aprendizagem ajuda a melhorar a capacidade cognitiva e a função da memória e pode ajudar a prevenir doenças, como Alzheimer e a demência.

Nesta fase da vida uma página vira e cabe a nós escrever um novo capítulo. De certa forma recuperamos alguma liberdade, isto por que não estamos mais forçados a fazer os malabarismos diários entre a vida profissional e familiar e alguns planos “engavetados” voltam a fazer parte desta nova vida. Então por que não voltar a estudar, especialmente neste momento em que a Previdência Social deverá sofrer reformas e se tornará essencial melhorar a empregabilidade e a produtividade.

Além disso, não são apenas os alunos mais velhos que se beneficiam. Os alunos mais jovens frequentemente dizem que a aprendizagem é enriquecida pelas contribuições e experiências relatadas na sala de aula por estudantes mais velhos.

Uma pesquisa recente revelou os motivos pelos quais as pessoas idosas estão pensando em estudar em uma época em que muitos estão pensando na aposentadoria. 75% dos entrevistados com mais de 60 anos que se matricularam em cursos de graduação disseram que a motivação mais importante para o estudo foi o desenvolvimento pessoal, seguido do desenvolvimento profissional com 25%.

Muitas universidades americanas reconhecem o valor de oferecer oportunidades educacionais para idosos e, para tal, oferecem isenção de matricula, mensalidades reduzidas, deduções fiscais, bolsas de estudo e, em alguns casos, cursos totalmente gratuitos. O Brasil deveria seguir este exemplo, porque aprender é um empreendimento social e pode ser um fator importante para manter os idosos saudáveis ​​e felizes, pois voltar a estudar ajuda a construir conexões sociais e evita o isolamento, a solidão e a depressão que podem ocorrer na velhice, sem contar a considerável redução dos gastos públicos com tratamentos de saúde e benefícios previdenciários pagos.


Não devemos temer os desafios, mesmo os mais abruptos. E como diz o título do romance do escritor russo Yevgeny Yevtushenko: "Não morra antes de morrer".



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A IMPORTÂNCIA DOS TESTES DE REGRESSÃO