EMAIL CORPORATIVO, O QUE É RAZOÁVEL RESTRINGIR.


Ricardo Bozzeda, MBA, CTFL-AT, CTAL-TM, ITIL

A idéia de escrever este blog foi ter um lugar para publicar artigos técnicos, dar minha opinião sobre assuntos diversos e criar um fórum para discussão. A promessa de “um post por semana” nem sempre é cumprida, não é fácil, às vezes por falta tempo e outras por falta de inspiração, mas faço o possível. Atualmente os acessos por mês passam de 3.000, mais do que eu esperava, e acho que a divulgação foi o principal motivo deste sucesso. No inicio divulgava apenas no Facebook e no Twitter, depois passei a enviar emails com o link e um pequeno resumo, foi quando as visitas aumentaram.
Mas, o que isto tem a ver com o titulo deste artigo?

Bem, envio a maioria dos emails de divulgação pelo meu endereço particular e para alguns contatos do trabalho utilizava o email da empresa, incluindo nesta lista os diretores e sócios da empresa. O motivo era a facilidade, pois já estavam no meu catálogo do Outlook e por entender que não deveria haver restrição, por tratar de assunto técnico, de interesse geral, legal e lícito.

Mas fui surpreendido alguns dias atrás com um email da área de suporte solicitando que não mais enviasse este tipo de email, pois não estava de acordo com o propósito do email corporativo da empresa. Confesso que fiquei bastante irritado, para não dizer furioso. Utilizo recursos corporativos de empresas publicas e privadas a mais de 35 anos, e nunca “levei bronca” por utilizar qualquer recurso indevidamente. Respondi educadamente, mas sem evidentemente deixar de copiar o coordenador da área e um sócio-diretor. Resultado: em represaria bloquearam o acesso ao link deste blog dentro da empresa. Sem comentários.

Compreendo que o email corporativo é uma ferramenta de trabalho, é como se fosse uma correspondência em papel timbrado, e que não deve ser utilizado indiscriminadamente para fins particulares. As empresas ganharam muito em agilidade com o uso do correio eletrônico, sendo justo que seja utilizado de maneira racional pelos seus empregados, mas também é justo que sejam considerados os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Existe um consenso geral de que o uso pessoal moderado e que respeite "a moral e os bons costumes" pode ser permitido. Também porque, é cada dia mais comum, devido a evolução das relações de trabalho, que o empregador pode solicitar, em determinadas circunstâncias, que o empregado não somente opere no âmbito da empresa, mas também de seu domicílio, utilizando recursos pessoais, como: computador, telefone e email. As fronteiras entre o estritamente profissional e o pessoal estão cada vez mais flexíveis.

Os empresários modernos entendem e se preocupam com a qualidade na relação trabalhista, com uma maior participação dos empregados e uma melhor identificação com os objetivos da empresa. A função social da empresa, a responsabilidade social da empresa e o princípio da solidariedade levam a que o empregador faculte ao empregado o uso do e-mail corporativo, para fins particulares, desde que sem abuso e justificado.

O mau trato a clientes, o envio de vírus, correntes, spam e pornografia, mensagens difamatórias, promoção de produtos e serviços de caráter não institucional, assédio sexual, criticas, fofocas, discriminação e divulgação de dados sigilosos da empresa são condutas de uso inadequado do email corporativo, passível de punição severa. O resto pode ser permitido, desde que observe a conduta ética e não seja uma atividade ilegal ou ilícita, alguns exemplos são: a divulgação de artigos técnicos, o envio de material educacional, a divulgação de seminários, cursos e treinamentos profissionais, comunicação com familiares, entre outros.

Vejo somente dois motivos para que isto não ocorra: o exercício do poder, isto é, a necessidade de demonstração de subordinação ou a eliminação de todo e qualquer intervalo na execução das tarefas que seria provocado com o uso do e-mail corporativo para fins pessoais, mesmo que moderadamente.

Mas desculpe-me, nenhum desses motivos justifica a restrição, o primeiro por ser uma idéia ultrapassada demais, e quanto ao segundo devemos lembrar que não é apenas no lucro que a empresa de hoje deve pensar, pois mais do que trabalhar as pessoas estão sendo modeladas, estão evoluindo e se aprimorando. A empresa deve proporcionar aos empregados meios para que se sintam mais plenamente pessoas, podendo interagir com outras, e para isso não pode dispensar o uso da informática.

Todo avanço tecnológico sempre será bem-vindo, desde que seja para o progresso e bem-estar de todos, dos empregados inclusive.

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