A EDUCAÇÃO E O TURISMO



Ricardo Bozzeda, MBA, CTFL-AT, CTAL-TM, ITIL





1. Introdução
3. Conclusão
Para o Prof. Biagio Mauricio Avena do CEFET-BA / UNED – Eunápolis – BA, “Ao longo dos últimos anos de experiência profissional na área de Educação, Turismo e Hotelaria, constatamos que há deficiências no bem recepcionar/acolher os Turistas. Isto ocorre de forma freqüente e usual e este fato parece originar-se na representação (negativa) que proprietários e colaboradores dos EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS TURÍSTICOS têm do turista e do turismo fruto do contexto histórico/cultural regional e das lacunas e equívocos na Educação dos sujeitos que deveriam desenvolver competência para as relações interpessoais requeridas pelo mister de recepção/acolhimento. Este problema parece não estar priorizado nem pelos cursos específicos de Turismo e Hotelaria, cujos egressos, como profissionais, acolherão/hospedarão e/ou receberão os turistas, nem na Educação das escolas regulares, responsáveis pela formação dos sujeitos/indivíduos que receberão e dividirão o espaço das praias, do campo e das cidades com o Turista.”

É de fundamental importância que a população em geral, os profissionais envolvidos e os novos profissionais que serão formados/capacitados se conscientizem e compreendam a grande importância do turismo e possam construir representações positivas do turismo e do turista e, assim, ter um comportamento de acolhida adequado cognitiva e afetivamente. Neste contexto, consideramos que a única alternativa para que o processo se desenvolva adequadamente será por meio de uma Educação Básica, Técnica e Superior, e Educação Continuada de qualidade.

2. A Educação e o Turismo

Para SILVA (1997, p. 101), “o turismo tem sido uma importante atividade econômica no século XX e, provavelmente, continuará sendo assim no século XXI. Segundo as previsões da Organização Mundial do Turismo – OMT – (1995:39), no ano 2010 o número de chegadas de turistas internacionais em todo o mundo será de 937 milhões, quase o dobro do fluxo turístico de 1990 que foi de 456 milhões. Atualmente, a indústria do turismo atingiu tal dimensão econômica, que sua posição na geração da receita de exportações mundiais só é superada pelo setor petrolífero e pela indústria automobilística.”

Nas palavras de FIORE (1998), a Cultura, o Turismo e o Lazer são os setores que podem criar o maior número de postos de trabalho. Porém, há um fator primordial que precisa ser verificado: como desenvolver esta atividade se os recursos humanos existentes possuem uma formação cultural que, nos parece, não acolhe bem aquele que vem de fora? Além disso, estes profissionais possuem um nível de Educação Básica de qualidade inadequada ao exercício de atividades que requeiram uma certa flexibilidade no trato com outros indivíduos e, também, uma Educação Profissional e/ou capacitação profissional insipientes ou inexistentes para desenvolver atividades nos serviços turísticos que necessitam de habilidades específicas.

Para que possamos equacionar os problemas de educação no turismo precisamos analisar e ampliar a pesquisa, com a conseqüente descoberta e desenvolvimento de novas áreas de conhecimento em Turismo.

As Diretrizes Curriculares para o Ensino Técnico contemplam duas áreas de concentração: Turismo / Lazer e Alimentação.

“Estas áreas compreendem atividades, interrelacionadas ou não, referentes à oferta de produtos e à prestação de serviços turísticos e hospedagem e alimentação. Os serviços turísticos incluem o agenciamento e operação, o guiamento, a promoção do turismo, e a organização e realização de eventos de diferentes tipos e portes. Os serviços de hospedagem são prestados em hotéis e outros meios, como colônias de férias, albergues, condomínios residenciais, navios, coletividades, abrigos para grupos especiais. Os serviços de alimentação são prestados em restaurantes, bares e outros meios, como empresas de bufês, “caterings”, entregas diretas, distribuição em pontos de venda. Estas atividades são desenvolvidas num processo que inclui o planejamento, a promoção e venda e o gerenciamento da execução”. (DCN, 1999, p. 72)

As Diretrizes Curriculares para o Ensino Superior contemplam duas áreas de abrangência que propõem a formação de profissionais para atuarem no Sistema de Turismo. Estas duas áreas são o Turismo e a Hotelaria. Os cursos de Turismo e de Hotelaria, devem ter como objetivo formar profissionais com um perfil comum desejado.

“O curso de bacharelado em Turismo deverá formar um profissional apto a atuar em um mercado altamente competitivo e em constante transformação, cujas opções possuem um impacto profundo na vida social, econômica e no meio ambiente das sociedades onde são desenvolvidas. Além disso, e por suas próprias características, a atividade profissional do Bacharel em Turismo exige uma formação ao mesmo tempo generalista – no sentido tanto de conhecimentos específicos como de uma ampla visão de mundo e conhecimentos de áreas afins – e particularizada – especialmente com conhecimentos profissionais de interesse e de liberdade de escolha das IES. Daí a importância das “habilitações” a serem oferecidas como opção aos alunos na sua formação, nas áreas de Agenciamento, Eventos, Hotelaria, Lazer, Transportes, Alimentos e Bebidas, Planejamento, entre outros.


“O curso de bacharelado em Hotelaria deverá formar um profissional apto a atuar em um mercado altamente competitivo e em constante transformação, cujas opções possuem um impacto profundo na vida social, econômica e no meio ambiente das sociedades onde são desenvolvidas.

O curso de Bacharelado em Hotelaria deverá enfatizar a formação do futuro “gestor” de hotéis, e esta formação aprofundada permitirá que o profissional atue nos principais setores da hotelaria: Alimentos & Bebidas, Hospedagem, Controladoria, Marketing … A formação nessa área exige um profissional com características bem específicas, na medida em que a hospitalidade desenvolveu um corpo de conhecimentos próprios. Esse novo profissional deve ter acesso a uma proposta que o capacite a atuar em um mundo com a economia altamente globalizada e com novos paradigmas de administração, lazer, marketing e operação do setor de serviços, seja em termos internacionais ou regionais.

O Bacharel em Hotelaria é um profissional com formação superior, capacitado a atuar de forma crítica e reflexiva, em setores de planejamentos estratégico, organização e administração nos setores hoteleiro, e extra-hoteleiro e áreas correlatas à hospitalidade como gastronomia, lazer/recreação e cruzeiros marítimos, ou ainda, em hospitais, clínicas e spas.

O perfil do profissional a ser formado nos cursos de administração hoteleira deverá preconizar, através de perfil profissiográfico, um profissional qualificado, crítico, polivalente, criativo e com grande capacidade de adaptação às novas situações”. (DCN, 1999)

Nesse sentido, cabe destacar que a formação do Bacharel deve contemplar as relações entre o conhecimento teórico e as exigências da prática cotidiana da profissão. Para tanto, o curso deverá oferecer aos alunos oportunidades de exercer e aperfeiçoar seus conhecimentos na busca de métodos e técnicas para o melhor atendimento aos clientes (turistas e viajantes), o eficiente desenvolvimento de produtos, a operação e gestão responsáveis no mercado e o planejamento integrado de atividades de lazer e turismo. Isto deverá ocorrer mediante um processo de aprendizagem que envolva paulatinamente todos os níveis de complexidade da atividade turística.

O sucesso profissional do Bacharel em Turismo dependerá da solidez da formação técnica e teórica, mediante ampla formação cultural (vertical e horizontal), adquiridas no curso de graduação, mas também em grande medida de sua capacidade de “aprender a aprender”; sua auto confiança; sua habilidade de trabalho em equipe e facilidade de adaptação a contextos novos; sua criatividade, espírito inovador, poder de liderança, decisão, confiabilidade e habilidade comunicativa; capacidade de síntese, de crítica, de inovação e de reflexão; além de sua atualização tecnológica e domínio de idiomas.

Por fim, é esperado do profissional a consciência da cidadania e a manifestação de sólidos princípios éticos em sua atuação profissional no mercado, no trato com o consumidor, com as populações receptoras e com relação ao ambiente natural e cultural dos locais visitados”.

Dentre os autores que estudam as Representações Sociais destacamos um conceito que nos parece, inicialmente, o mais adequado:

“O conceito de representação social designa uma forma de conhecimento específico, o saber de senso comum, cujos conteúdos manifestam a operação de processos gerativos e funcionais socialmente marcados. Em sentido mais amplo, designa uma forma de pensamento social. As representações sociais são modalidades de pensamento prático orientadas para a comunicação, a compreensão e o domínio do entorno social, material e ideativo. Enquanto tal, apresentam características específicas no plano da organização dos conteúdos, das operações mentais e da lógica.” (JODELET, 1989, pp. 365-366).

Um dos maiores problemas que o turismo enfrenta, por ser uma novíssima área do conhecimento humano, é o julgamento subjetivo que as pessoas fazem sobre o assunto.

“Acham” e falam sobre o turismo com ênfase e justificam tal conhecimento dizendo – ‘viajei vários países, hospedei-me nos melhores hotéis…’. Será que isso basta para estar habilitado a discutir, criticar, desenvolver e planejar um pensamento turístico nacional ou regional ?

Os verdadeiros Turismólogos, especialistas em Turismo ou os profissionais do trade turístico são aqueles que, a partir do momento em que abraçam o Turismo como opção de vida profissional, jamais voltarão a ser turistas novamente.

Todas as vezes que visitarem um destino turístico, sempre o analisarão com olhos críticos e aguçados; poderão até não verbalizar seus pensamentos, mas internamente já foi realizada toda uma análise crítica sobre os pontos que envolveram a viagem ou o equipamento turístico.

Esta postura, acaba criando nos profissionais e estudantes de Turismo uma consciência de respeito pelo meio onde se habita ou onde se visita. Viver o Turismo cria em nós uma consciência global, porém como uma ação local. Não adianta visitarmos a Ilha Grande e trazermos para o continente todo o lixo lá produzido por nós e, em nossa própria cidade jogarmos, sem culpa, papéis pela janela do carro.

Todo e qualquer plano de desenvolvimento turístico deve abranger questões primordiais como o desenvolvimento da consciência e da educação para o Turismo; o respeito pelo meio; e a previsão de impactos positivos e negativos que o Turismo exerce sobre as questões sociais, culturais, econômicas e ambientais.

Portanto, o Turismo brasileiro necessita de profissionais que vivam e entendam todas as adversidades, angústias e prazeres provenientes do mercado Turístico e que de forma estratégica e planejada, tragam melhorias sociais e econômicas para as localidades visitadas.

Na sociedade atual, o próprio mercado não conhece as potencialidades e a diversidade do profissional de turismo. Este profissional precisa com sua inteligência e talento ser a fonte básica da formação do conhecimento desta nova realidade mundial.

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