O LAZER É UM PERIGO


Ricardo Bozzeda, MBA, CTFL-AT, CTAL-TM, ITIL



Definições


“Não é o tempo de trabalho mas o tempo disponível que mede a riqueza.” Karl Marx, Fundamentos da Crítica da Economia Política

Para a definição de lazer se aproximar de tempo livre, deve-se subtrair do tempo em que o indivíduo não está no trabalho, o tempo gasto no trabalho doméstico, nas compras, na manutenção da casa, no atendimento às crianças e com necessidades pessoais como: comer, dormir, higiene pessoal e outros.

“Tempo livre é o momento em que o indivíduo, liberado de todos as suas obrigações, se depara com um tempo que é só seu, tempo esse que será a condição essencial para a existência do lazer“ (Requixa,1987).
O Lazer

Para quem trabalha duro, encontrar uma brecha para o descanso é um desafio. Para quem está sem emprego, o excesso de tempo livre é angustiante. Por essas premissas, pode-se afirmar que o lazer será um dos temas emergentes neste milênio, esquentando um debate mundial.

Pesquisar o que as pessoas fazem em seus momentos de folga não chega a ser novidade. Nos anos 70, o sociólogo francês Joffre Dumazedier abriu a discussão ao estabelecer o conceito do “tempo livre” na sociedade contemporânea. Dumazedier passou pelo Brasil na época, alertou sobre a necessidade de as pessoas aproveitarem seu descanso de maneira criativa, mas sua antevisão de um mundo estressado e desinteressante não saiu do circuito acadêmico. Só recentemente o debate começou a ganhar fôlego, pressionando governos e investidores da indústria do entretenimento. Isso, em uma época em que o desemprego cresce e as jornadas de trabalho diminuem. Afinal, o que fazer quando não se tem nada para fazer?

Luiz Octávio de Lima Camargo, consultor na área de lazer e coordenador dos cursos de Turismo e Hotelaria da Universidade de Sorocaba (SP), em entrevista às páginas amarelas da revista Veja, intitulada “O Lazer é um Perigo”, comenta sobre alguns exemplos de atividades de lazer que muitas vezes não promovem a diminuição do estresse acumulado durante um período de trabalho, e sim, a promoção do que se pode chamar um status-social…“se foi para a Europa e voltou, pouco importa se a pessoa encontrou um prazer efetivo lá, além de subir e descer do avião ou entrar e sair do hotel. Ninguém que volta da Europa precisa explicar que sua viagem foi boa. É claro que foi. Ele chegou lá”. Percebe-se então que as práticas de lazer nem sempre são condizentes com as necessidades do ser humano e que há necessidade de se desmistificar o tempo livre, buscando nas atividades de lazer, um tempo absolutamente interessante e prazeroso. “O lazer efetivamente, é mais que um simples complemento do trabalho, é uma fonte de produção de valores novos” (Dumazedier, 1980).

“Com a revolução industrial, começou-se a desconfiar de tudo o que não fosse trabalho e produção”, afirma Luiz Octávio, “A origem de trabalho vem de ‘instrumento de tortura‘.

Luiz Octávio observa que, antes da revolução industrial, os adultos trabalhavam em média 700 horas por ano. Depois, a média saltou para 3.500 horas por ano. “Teve início então a luta pela redução da jornada. Daí, surgiu um tempo livre que não foi para a escola, para a família ou para a atividade política. Surgiu um lazer ‘pela porta dos fundos’. Começou em seguida outro movimento: o dique foi rachado e o lazer ‘contaminou’ o resto. Nos EUA e na Europa, hoje, o tempo de lazer já é maior do que o tempo do trabalho.”

Quando se fala em lazer, é comum para a maioria das pessoas fazerem a associação com tempo livre, tranqüilo, sossegado. Geralmente procurando satisfazerem estas necessidades através de viagens, sem imaginar que na prática, muitas vezes o lazer não está diretamente relacionado com o prazer e sim ligado ao estresse. Para Luiz Octávio, “Viagens fantásticas de férias que se encerram com gosto amargo de um dinheiro desperdiçado”.

FALTA LAZER EM SÃO PAULO


Pesquisa sobre hábitos da população revela sedentarismo e baixa atividade cultural

67% assistem à TV diariamente

49% nunca vão ao cinema

72% nunca vão ao teatro 

30% nunca vão a parques 

62% não praticam exercícios físicos 

Fonte: Sesc – São Paulo

FALTA LAZER NO RIO DE JANEIRO


Mesmo com um belo litoral, os cariocas também gastam seu tempo livre em casa

87% assistem à TV diariamente

51% nunca vão ao cinema

74% nunca vão ao teatro 

32% nunca vão à praia 

50% não praticam exercícios físicos 

Fonte: Instituto de Pesquisa Gerp – RJ

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